sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O fim dos livros (parte 2)

(Continuação do artigo O Fim dos livros...)

A RESPOSTA PAVLOVIANA irá desaparecer. Vou vai a uma livraria,quieta, civilizada, respeitada estufa de ideias. A pessoa com quem você interage lhe entrega um livro, o embrulha, lhe cobra um valor incrivelmente baixo e você vai para casa, pronto para se enroscar por cinco, seis ou trinta horas, imerso num novo mundo ou em novas ideias. E então você pega este volume o qual foi projetado para durar séculos sem nenhuma tecnologia necessária, compartilha com seus amigos ou guarda no lugar certo na sua estante. Seu cérebro foi conectado para ser ensinado a estar aberto as essas ideias, a respeitar o volume, porque todos os elementos do ecossistema, do autor que gastou um ano ao editor que foi o curador do livro para ser encadernado, impresso e vendido... todos eles estão alinhados perfeitamente para criar este método de consumo.

Nenhuma das mudanças, por si só, são suficientes para matar a venerável entrega da informação e a referência cultural como o livro. Mas e todos eles juntos? Estou escrevendo isto num trem cheio de educados passageiros, emergentes suburbanos de todos os gêneros e etnias (compradores de livros, até recentemente). Posso ver 40 pessoas numa olhada rápida e 34 estão usando dispositivos eletrônicos, dois estão dormindo e exatamente uma pessoa está lendo um livro tradicional.

Sim, estamos entrando numa nova era dourada para os livros, uma com mais livros e livros digitais sendo escritos e lidos hoje mais do que nunca. Não, os livros não serão completamente eliminados, os discos de vinil ainda estão por aí (uma nova loja de discos de vinil está abrindo na minha cidade). Mas por favor, não prenda a respiração por qualquer elemento do precioso ecossistema para que ele volte à força.

Estou traindo a minha tribo ao escrever estas palavras? Não estou discutindo se devemos jogar o ecossistema porta à fora, mas estou nos encorajando em não gastar muito tempo tentando salvá-lo. Primeiro, é uma batalha perdida, mas o mais importante, temos grandes oportunidades a nossa frente.

Há vinte anos atrás, Eu vi a web e escrevi à respeito. Eu disse que era uma imitação barata do Prodigy (*serviço online que oferecia a seus assinantes acesso a serviços como notícias, previsão do tempo, compras, bancos e etc), mas mais devagar e sem nenhum modelo de negócio. Sob certo aspecto, eu não tinha visto. Mas grande parte de mim queria que o Prodigy (meu cliente) prosperasse com um modelo de negócios que eu entendia. Como resultado da minha arrogância, eu perdi a oportunidade de sair na frente numa mídia novinha em folha.

Eu temo que nossas conexões culturais e corporativas com os livros nesse sistema de entrega nos cegue com relação as alternativas.

Eu não sou tão amargo como eu poderia ser, por conta da forma como negociamos nossos livros em algumas fabulosas alternativas misturadas a perda de tempo. Mas sim, depois de 500 anos, depois de termos construído não uma, mas várias indústrias em torno da criação, publicação, distribuição e estocagem de livros, estou muito nostálgico.

Posso chamar este artigo de "um fim" e não "o fim" do livro. Como sempre, nós vamos reinventar. Continuamos a precisar de ideias, e ideias precisam de lugares para serem guardadas. Nós desenvolvemos muitas e muitas maneiras para que as ideias viajassem e tivessem impacto, e agora cabe a nós descobrir como construir um ecossistema em torno delas.

* Nota do tradutor
___________________
Texto original em Seth's Blog

Nenhum comentário:

Postar um comentário